A maioria das pessoas que conhece o Thiago (que escreve aqui no blog) sabe que já faz um tempo que ele está envolvido com a criação de uma marca de moda masculina: a Acherontia. Como o Tecendo Ideias também é um espaço para falarmos dos projetos dos alunos, resolvi fazer uma entrevista com ele sobre o assunto!
Tecendo Ideias: Como surgiu a Acherontia? Qual a inspiração da primeira coleção?
Thiago Silveira: A Acherontia veio como uma idéia solta na cabeça, uma simples vontade de fazer roupas que as pessoas gostassem e consumissem e depois de muitas influências e muita pesquisa assumiu a cara que tem hoje. Essa 1ª coleção comercial é fruto de um projeto meu, enviado para a Casa de Criadores do ano passado, cujo tema era Holocausto. A marca tem essa identidade: apostar em temas fortes e controversos para atender a um público que, acima de tudo, consome novas idéias.
T.I. : Qual o aspecto que você acredita ser o mais interessante na concepção do seu próprio negócio?
Thiago: O aspecto que considero mais interessante é que você tem que aprender de tudo, e nessa hora você percebe que apesar da faculdade te dar uma base teórica muito boa, é na prática que se aprende. Mesmo que você não seja o responsável pela execução de todos os processos, é MUITO importante que você compreenda cada estágio dele, para assim poder cobrar bons resultados. Você tem que saber de tudo, inclusive o que o consumidor espera – ou seja, tem que sair de você e se olhar de fora, se criticar.
T.I.: Qual foi o seu maior desafio na estruturação da marca?
Thiago: Encontrar boas oficinas a um preço razoável. Ainda assim, por ser uma produção pequena, acaba que muitas vezes adiam a produção e dão prioridade às empresas maiores, o que atrapalha qualquer cronograma (lançamento, entrega, etc). Praticamente 100% dos meus processos são externos, o que significa muita cobrança em cima dos fornecedores – especialmente com as costureiras.
T.I.: E no que diz respeito ao desenvolvimento de produto?
Thiago: Os processos criativos de moda que aprendemos na faculdade são importantes, mas cabe a cada um descobrir como utilizá-los. A verdade é que na prática, se a sua proposta de moda está totalmente fora do “espírito do tempo” (o tal zeitgeist), por mais incrível e autoral que seja, é difícil que ela seja bem aceita. Poderá ser até admirada – e muito -, mas não vai vender nada. Afinal de contas, estamos falando de ganhar dinheiro, não somente de se expressar.
T.I.: Então você acredita que a moda conceitual não tem espaço no mercado?
Thiago: Ter até tem, mas é um espaço muito pequeno e pouco lucrativo… eu defendo muito a expressão pessoal por meio da moda (inclusive a Acherontia nasceu disso), mas acredito que isso tem que acontecer em outros espaços – num editorial, numa campanha, num desfile, não nas lojas.
T.I.: Tem alguma mensagem para quem faz TM e quer criar sua própria marca?
Thiago: Quem tiver um mínimo de interesse em se aventurar nesse tipo de iniciativa, meu conselho é: não hesite! Pense muito, planeje, peça ajuda, faça o seu melhor, e o mais importante – tenha identidade própria e seja o seu maior crítico. A maioria das idéias não merece sair do papel; mas há as que merecem, as que valem a pena o risco. Encontre-as, dê a elas a sua cara e não tenha medo.
Pra quem quiser conhecer a marca: www.acherontia.com.br